sábado, julho 30

Só mais uma vez, Chico

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De tuudo aoo meuu amooor seerei ateeento,
Deee tuuudooo aao meeu aamor sereiii atentooo,
Deeeee tuuuuudo aoooo meeeuuu amoooe seereiiii aaatento.
De tudo.
De tudo.

(Música "Construção", Chico Buarque)

- Eu vou.

- Tudo bem. Bom trabalho.

Sustentando peso, colando tijolos, preparando cimento, ele bebia suas lágrimas para matar sua sede, angústia. Prometeu um playstation 03 ao filho, dera um quebra-cabeça de 12 peças. Prometera o mais novo cd da Sandy, deu nada, nada, nada. Trabalhava, colava blocos, levantava um edíficio de muitos andares. Lá de cima, eu resolvo tudo, pensou.

Subiu.

Pulou.

Estraçalhou-se como um pacote.

Morreu aos 46 anos de idade. Vítima de descaso social, acusado de incompetente, tachado de covarde. Deixou filho e mulher. Deixou, também, desilusões no edíficio que construia. O edíficil da Nestlé cujo alimentos nunca chegariam a boca dos filhos dele. Senão por esmolas vencidas e estragadas.

A religião explicaria:
Carma, Pagando vidas passadas, Provação

A Ciência acusaria:
Capitalismo, Neo-liberalismo, A mais cruel natureza humana, Mais Valia

O ser humano, desnudo de instituições e peritos sociais, sabe:
Incerteza, ilógico, injusto, irracional.
Imcompreensível, imcompreensível.

O conhecimento popular diz:
Coisa do destino, coisa do destino.

E eu:
Só escrevo, conjecturo e suponho, proponho. Fecho os olhos. Depois, durmo.
Às vezes, finjo que esqueço. Às vezes, acredito cegamente que não sei. Mas desacredito, acordo, abro os olhos:

- Alienar-se é uma maneira de viver.

Mas Chico já está morto. Meu Deus, e agora? Que será do menino e da mulher sem a música do "já vou, eu volto, prepare a janta, eu te amo, você me ama?"? Que será, que será? Por favor, meu Deus, deixe em paz o coração daquela mulher, que já deve ser um pote cheio de mágoas.

sexta-feira, julho 29

Do blog da Tami, Se eu fosse

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Se eu fosse...
Se eu fosse um mês, eu seria: Dezembro
Se eu fosse um dia da semana: Sexta-feira
Se eu fosse uma hora do dia: 5h
Se eu fosse um planeta ou astro: Saturno.
Se eu fosse uma direção: Lado.
Se eu fosse um líquido: Coca-cola
Se eu fosse um pecado: Preguiça
Se eu fosse uma fruta: Maçã
Se eu fosse uma flor: Margarida
Se eu fosse um clima: Temperado
Se eu fosse um instrumento musical: Violão
Se eu fosse um elemento: Fogo
Se eu fosse uma cor: Cinza
Se eu fosse um bicho: Beija-flor
Se eu fosse uma música: Construção (Chico Buarque)
Se eu fosse um sentimento: Nostalgia
Se eu fosse um livro: Dom Casmurro
Se eu fosse uma comida: Pãozinho de Queijo
Se eu fosse um lugar: Uma floresta
Se eu fosse um gosto: Agridoce
Se eu fosse um cheiro: De amêndoas amargas
Se eu fosse uma palavra: Silêncio
Se eu fosse um verbo: Tentar
Se eu fosse uma parte do corpo: Mãos.
Se eu fosse uma expressão facial: Um hesitar
Se eu fosse um filme: Harold and Maude
Se eu fosse um número: 7
Se eu fosse uma estação: Outono
Se eu fosse um poema: Mar Português (Fernando Pessoa)

De um perfil de uma amiga do teatro

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Tudo que eu queria dizer
Alguém disse antes de mim
Tudo que eu queria enxergar
Já foi visto por alguém

Nada do que eu sei me diz quem eu sou
Nada do que eu sou de fato sou eu?

Tudo que eu queria fazer
Alguém fez antes de mim
Tudo que eu queria inventar
Foi criado por alguém

Nada do que eu sou me diz o que eu sei
Nada do que eu sei de fato é meu?

Sempre que eu tento acabar
Já desisto antes do fim
Sempre que eu tento entender
Nada explica muito bem

Sempre a explicação me diz o que eu sei:
"Sempre que eu sei, alguém me ensinou"

Algo explodiu no infinito
Fez de migalhas
Um céu pontilhado em negrito
Um ponto meu mundo girou
Pra criar num minuto
Todas as coisas que são
Pra manter ou mudar

Agora reinvento
E refaço a roda, fogo, vento
E retomo o dia, sono, beijo
E repenso o que já li
Redescubro um livro, som, silêncio
Foguete, beija-flor no céu,
Carrossel, da boca um dente
Estrela cadente

Tudo que irá existir
Tem uma porção de mim
Tudo que parece ser eu
É um bocado de alguém

Tudo que eu sei me diz do que sou
Tudo que eu sou também será seu

(Móveis Coloniais de Acajú)

quarta-feira, julho 6

Ensaio de um Falso Concretista

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Quem tem olho tem saber, eles disseram.
Você conhece o que você consegue enxergar?
Por que não inventaram um livro que seja lido pela pele?


As palavras permanecem pintadas,
muitas horas de preto,
outras, de cinza.
mas elas são tão vulneráveis a um copo com água,
a um espirro,
a uma lágrima.
As palavras permanecem pintadas,
muitas horas de preto,
outras, de cinza.
mas elas são tão vulneráveis a um copo com água,
a um espirro,
a uma lágrima.
As palavras permanecem pintadas,
muitas horas de preto,
outras, de cinza.
tão vulneráveis As palavras permanecem
de cinza
de preto
muitas horas de lágrima cinza.
vulneráveis As palavras
vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras vulneráveis As palavras lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima QUE ESCORREM PELO ROSTO ultrapassam a folha e chega a capa a lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima QUE INFILTRA OS PAPÉIS E DESVENDA/DESVELA AS DORES DA ALMA láágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágriláágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágriláágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágriláágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima lágrima VENHA ME DOER VENHA ME DOAR

Not Found

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Olá, quanto tempo... Olá. Faz um tempo que queria estar com você, sozinho, frente a frente. Falar de mim, falar de nós. Tentei te acessar tantas vezes, vezes que foram impossíveis; alguma transmissão, algum cabo, não sei bem, impossibilitava a comunicação do computador com o dominio do blog.

Mas chega de desculpa! Chega de saudade! Estamos aqui. Mas é estranho. Na verdade, aconteceu tanta coisa durante este tempo. Resumir, resumir, sintetizar(é romântico aquele que quer lutar contra a influência da globalização que enaltece a sociedade da informação? Ahhh).

Acho que o melhor é fragmentar mesmo; via "twitter"... que já não tenho.

1- Comecei a ler o livro Bola de Sebos e Outros Contos
2- Terminei de ler o livro Corpo, Identidade e Erotismo
3- Estagiei no Ensino Médio
*Estou decepcionado com a Educação, talvez com minha incapacidade diante dos problemas dela. O Clichê por ser clichê não implica dizer que é falso. O problema está na base da base da base da base(e nunca haveria culpado. Haverá?). Gostei, amei estagiar. Mas só comecei a amar (de verdade, se existe amar de mentira [melhor, amar conscientemente] quando estava prestes a acabar.
Ensinei compartilhando Literatura, Redação e Português. Fiquei com medo quando tive de falar sobre a geração do mal-do-século. Eu coloquei questões vorazes na mente de adolescentes. Fiquei com medo de fazer apologias (principalmente, ao suicidio).
4- Fui convocado para exames pré-admissionais (vou trabalhar)

Algumas coisas aconteceram durante cada intervalo de tempo. Comecei a perceber quem estava comigo desde o começo e quem se colocou depois da vitória. Fui aprendendo a me aceitar como sujeito fragmentado, múltiplo, contraditório... mas. É esse tal de "mas" que ainda me inquieta e me impulsiona aos livros de Filosofia.

Tive algumas paixonites. Só de fantasiação mesmo, mas tive. E Tive que abrir mão de uma pesoa que gosto muito (uma quase-quase-quase grande amiga), distanciamo-nos. Ah... foi tanta coisa! Queria escrever melhor o que aconteceu comigo, mas parece que tenho enorme talento para escrever o que já aconteceu e o que virá a acontecer, não que queira. Talvez seja por ter começado a acreditar num Deus, também chamado Destino.