sexta-feira, agosto 27

E quando parece ser

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- Desde muito cedo não consigo pensar em outra coisa a não ser você. Por que você não me deixa em paz? Que prazer é esse em observar os sofrimentos alheios? Até quando você quer brincar comigo?

- ...

- Fale! Crie coragem!

- Eu não sei, às vezes, sou arrogante e tenho muita presunção. Me descul...

-Desculpar, claro que desculpo. O problema é o cansaço. Já te desculpei muitas vezes e sempre me arrependia de ter desculpado. Porque você é sempre culpado pelos dias mais tristes que vivo.

- Olha, eu penso da gente acabar logo com isso, cessar essa brincadeirinha que vivemos.

- ...

Lá vai ele com as mãos no bolso, o coração insensato e a cabeça estourando. De longe, ela o vê se distanciar e lembra de alguns poucos momentos felizes. Procura um senso comum, um mito que a conforte, e acha: Não era para ser.

Vira as costas e quer levantar a perna para o primeiro passo de uma nova mulher, mas algo pertuba-lhe a mente e insiste em prender os pés naquele local, conseguindo movimentar o tronco, apenas. E um barulho ensurdecedor penetra ao ouvido e se perde no labirinto com as lembranças daquele homem. Agora, estirado no asfalto e já não mais contrariado ele ficará até o fim dos dias no labirinto da ex-namorada. Não era para ser. Não era. Não.

2 Response to E quando parece ser

28 de agosto de 2010 às 01:24

É sempre assim, se é pra ser vai ser mesmo na pior das probabilidades. Mas se não,o negócio é mesmo virar as costas e seguir, mesmo que de cabeça baixa.. até uma próxima.. rs

Wiliana...
4 de setembro de 2010 às 23:33

Não sabia que esse Nietzsche também escrevia... e, tão bem!!! Gostei de ler suas palavras!!! Eu é quem vou acabar virando sua fã, viu?!