Cortaram a água de minha casa. Moro num apartamento, são exatos oito apartamentos. Oito famílias sem água (para dramatizar a situação, +ou- 7 crianças, 2 senhoras de idade, +ou- 5 jovens, +ou - 15 adultos e o meu irmão adolescente, o único adolescente, graça ao pai!), uma tristeza ter de descer (e subir, o pior) pelas tantas escadarias, um degrau que antecede mais ou menos 60. Situo-me no apartamento 07, o último é o 08.
Balde pra cá, almoço em outro lugar, não tomo café, ainda bem que o trabalho não começou. Já pensou? Que sofrimento! Que tristeza!
Culpa da mulher do apartamento 01, ela que não pagava as contas desde 2005. Quase R$ 5.000,00 de débito. Geralmente, quando moramos em apartamento, há uma bomba que empurra a água para cima e despeja numa caixa comum cujo papel é redistribuir a água às demais caixas. A caixa responsável pela redistribuição é a caixa do apartamento 07. Logo, ficam todos atrelados a uma caixa e, principalmente, a mulher do apartamento 01 que possui a bomba numa varanda.
Mediante a tudo, o pior é imaginar que há a possibilidade de mudança de casa, algo que eu não gostaria de jeito nenhum, a não ser que fosse para minha casa definitiva, propriedade da família, num condomínio, sonho de infância! A dona do apartamento 01, ai, ai, estava era namorando no Gol Vermelho do namorado, ontem à noite. E o proprietário dos apartamentos, um tal de João Santana, disse:
- Se quiserem, saiam!
Após ter sido ameaçado por abandonamento dos lares de todos os moradores.
Nunca morei numa casa que fosse minha. Sempre nas casas dos outros e pagando aluguéis. Sinto um pena tão grande de minha vó; ela faz as contas em todo começo de findar dos meses. Num papelzinho, ela me amostra e diz a situação, isso desde eu ter meus doze anos. Embora, escutasse ela falando para os outros quando tinha meus sete anos. Cresci condicionado a isso, objetivando isso, clamando a Deus por isso. Isso o quê? Isso da casa própria. Deus queira que essa seja a nossa última penitência, antes de concretizar a maior abstração de vida da minha família.
Fico aproveitando essa situação como se fosse a última desgraça, um último acerto nos caminhos das vidas. Mas, estou sem água, logo morando a menos de um quilômetro do Rio São Francisco. Ironia pura. Só poderia ser coisa do meu Deus Marquesiano. Rir ou chorar? Bem, não sei. Para ambos os sentimentos precisarei de água, eu estou sem água.
(Suspenderam o fornecimento de água aos apartamentos, se caso faça redação, seja purista ou qualquer filho da puta desses que deseja o escrever/falar correto em meio a quaisquer crises)
Observação: Tudo aqui citado, narrado, exposto é real. Atente ao marcador da postagem e verá "Não-Ficção". Esclareço mais, eu sou o narrador personagem.
quarta-feira, julho 28
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