segunda-feira, outubro 11

Desculpa da Maçã Mordida

1
...
(Amarelo)


Agora
podemos
conversar.


(Vermelho)





Tire mais um pedaço dessa maçã mordida, tire. Agora, me diga o motivo pelo qual você tirou, o motivo pelo lado que escolheu, o motivo do tamanho que mordeu.




Me perdoe a pressa, mas é o tempo. Esse tempo que temos nesse Sinal Fechado, com essa música de Chico Buarque ao fundo da nossa conversa, na qual o roncar do motor cessa sem movimento de deslocamento.




E é por isso que te pergunto, me responde, enquanto o sinal tá fechado. Eu preciso de um retorno sobre tudo que você fez durante todo esse tempo em que esteve com a minha maçã.





(Verde)

Ai, ai, "quanto tempo, pois é, quanto tempo"...





... Vou repetir a música.





... Um outro sinal aberto, que pena!





...Desculpa se ando rápido, só ando a 100.





...Se você quiser comentar algo...






(Distante dali, uma mosca)

Eu pergunto o que já foi perguntado alguma vez, sentido em algum instante:

Por qual motivo só conseguimos amar verdadeiramente as coisas que nos foram privadas?

"Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo".
Friedrich Nietzsche

(Amarelo)
...
...
...

1 Response to Desculpa da Maçã Mordida

Wiliana
13 de outubro de 2010 às 17:33

Texto lindo.
:)