domingo, março 14

Carne, Cinzas, Espírito

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Daqui a pouco é dia 16 de Março, são quase doze horas da noite.

Há duas semanas até ontem pela noite, estava com um presentimento e uma sensação de morte. E pela noite do dia 15 de março de 2010 eu orei e clamei a Deus para que prolongue um pouco mais minha vida na terra; sou tão jovem e tenho muitos sonhos. Quero ajudar as pessoas (meus alunos), ser doutor em literatura, presentear minha família; de repente eu avistei todas as minhas expectativas sendo apenas EXPECTATIVAS e com o devir necessário da vontade de Deus. Apeguei-me a muitas coisas quando estava voltando para casa no ônibus da faculdade, e meio triste, e meio cabisbaixo, e meio vago, eu orava baixinho quase que sussurrando pedindo um pouco mais de tempo.


Hoje fui a igreja, dia de batismo. Estranho? Para a gente, evangélicos, a criança com meses de vida não tem consciência do que está acontecendo; a melhor idade para o bastimo é a partir dos doze anos. Nos momentos que antecederam o meu mergulho bem perto das margens do Rio São Francisco, fiquei sabendo que o ato do batismo é como se fosse uma morte, um sepultamento. Atei os pensamentos de duas semanas com a informação de hoje e entendi que, talvez, fosse isso aquela estranha sensação de morte.

Percorremos um caminho imensurável até chegarmos às águas. Reparei em tudo: as pessoas que passavam, as que ficavam, as que olhavam, as que riam, as que esnobavam. Até que cheguei no local do batismo. O sol, as poucas nuvens, a brisa e as ondinhas que dizem ser marolas. Entrei vagarosamente na água, faz uns noves anos que não mergulhava por alí:

- São irmãos? - perguntou o pastor com um riso de glória e recebeu o anuir não-verbal (o balançar da cabeça em sentido de "sim" - Batizarei os dois.

O irmão meu [de sangue e espírito], adolescente de treze anos, provavelmente nem estaria alí se dependesse dele. E fui de corpo inteiro, em alguns segundos, meu sepultamento e renascimento. Cada dia acontece isso com a gente no dormir e acordar, mas hoje eu não precisei dormir. Estava bem acordado para morrer, feito um peregrino fui velando um eu indeciso das coisas da vida. Então, algumas dúvidas vieram de encontro a minha escolha, porém, uma única certeza foi necessária para tudo: Deus.

Há várias maneiras de sentí-lo, acompanha-se nesse compasso muitas falsas impressões. Prefiro senti-lo de perto e acompanhado por uma multidão efervescente; tudo em nome da salvação? Não, não. Em nome de Deus, em nome de Jesus; o mundo não foi capaz de me seduzir o suficiente; eu não me deixei cegar por livros e livros, pois antes deles havia algo digno de devoção. Sem pretensão de comparar, mas se nós [amantes da arte e tantos outros simpatizantes]que acreditamos nas composições, nos pernoagens, por qual motivo iremos renegar as escrituras sagradas?

Ah, desculpe se estou meio que pregando a palavra. Mas, mais que nunca digo uma coisa: A PALAVRA TEM PODER. Você está sentindo? Feche os olhos depois de ler isso e toca o seu corpo, procura algo além da carne, dos órgãos, dos dedos.

Queime-se, recolha-se, transceda, se transceda, transceda-se.

2 Response to Carne, Cinzas, Espírito

14 de março de 2010 às 14:04

Lindo texto!!
E com certeza voc~e vai ter seu nome escrito na humanidade! Talento e CORAÇÂo vc tem pra isso!

Anônimo
17 de março de 2010 às 13:58

Nossa...extremamente profundo. Bom texto, cara! Semana passada ouvi algo que dialoga com seu texto. Podemos sim, ter bastante conhecimento em várias áreas? Podemos. Mas ainda assim, devemos ter um conhecimento equiparado de Deus, para sustentarmos as nossas crenças e princípios. Sim, a palavra de Deus tem um poder imenso. Mas para isso, precisamos estar em contato com ela e viver essa experiência

Abraço