sábado, março 6

Da Paixão e Da Distância

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Ao olhar o céu já cinza lembrara das 8h da manhã e do sol radiante espreitando a brecha da janela do quarto. Como pode o tempo mudar assim, indagou a si mesma. Seus cabelos foram se sacudindo aos poucos, o olhar petrificava instante a instante no exato momento que a estante do quarto desmoronou; seus ouvidos ignoraram e a casa foi sendo devastada por aquele vento terrível que ao meio-dia serviu de almoço a ela que deixou a boca aberta para comer tudo que chegasse de qualquer lugar distante.

Do outro lado do planeta, estava sentado no parque escutando os cantos das aves. Achou um canto sujo e cuspiu, foi justamente aí que uma corrente de ar gradativo assolou o parque e carregou o que havia, inclusive aquele líquido cremoso de sabor agridoce.

Próximo do momento da cessão, chegou àquela boca as gotículas da saliva do homem carregado pelo furacão; ela sentiu uma vida entrar. Notou espantada um objeto estranho vindo do céu, é um anjo, só pode, pensou. Vinha ele de branco, loiro, olhos azuis, falando alemão. Bem perto de bater na outra janela do apartamento, foi astuciosa e não assombrou-se com a situação mais esquisita da sua vida. Não mediu esforço e quebrou tais vitrais da sua casa.

Sentiu que o dono da saliva a queria de volta. Puxou a moça de dezessete anos pelos braços, na maturidade de quem tem quarenta e dois; segurou a nuca, beijou-lhe as pernas e investigou o intrigante sabor de leite, até então dono daquela pele. Não falavam a mesma língua, mas se entendiam perfeitamente; doravante exclamavam sensações sem atar a coerência dos traços do rosto. A saliva, ainda presa na garganta da moça, parecia ter infestado o corpo todo. E a mesma boca que acabara em alguns instantes se alimentando do vento, do tempo, da esperança, se alimenta agora do que é vivo, pulsante, quente. E uma saliva mais viva e intensa se preparava para a grande premiação do concurso da mais linda, santa e puta dança dos corpos.

Bem próximo da anunciação. Do grande instante. Um vento, um vento forte, fortíssimo entrava novamente pela casa e procurava pelos quatros cantos por alguém. Os seios ficaram duros e tensos com medo de perder o loiro homem; ele feito um homem alemão encarou, era só mais um vento que os fizeram recomeçar, embriagados um pelo corpo do outro.

5 Response to Da Paixão e Da Distância

Anônimo
6 de março de 2010 às 15:37

\o\ Legal o blog tem Bastante coisa pra se ler aki!
FAvorites rulez
acessa ae depois tbm mano
http://cegosnews.blogspot.com/

e parabens!

6 de março de 2010 às 15:39

WOOOOOOOOOOOW. *-*
Adorei. Vou até te seguir, mas me segue também e comenta lá no meu blog?
:***

6 de março de 2010 às 15:42

Nossa , quase chorei com esse texto *-* , muito lindo

6 de março de 2010 às 21:18

Nossa, muito legal ! Adorooooooooooo poemas e esses gostei de verdade. Parabens, Beijos.

6 de março de 2010 às 23:18

Nooooossa!
Meu escritor favorito!
(Isso é fato!)