A endemia surgiu quando os homens voltavam da roça e observaram um velho senhor receber sessenta e nove tiros e não sucumbir às dores do ferimento. A partir de então ninguém mais morreu naquela cidade, perduraram séculos até o incesto tornar-se hábito. Todos queriam viver para sempre, não imaginavam as proporções drásticas do eterno com todo cabedal ético desmoronando. A população crescia tanto que faltava trabalho, companheiros, alimentação; uma selvageria terrível assombrava todo o mundo quando algum forasteiro aparecia daquela cidade distante: Pandora.
Vários casais separavam-se pelo tédio irremediável causado pelo tempo, o suicídio era o sentimento mais forte nos pandorenses, superava o amor. Falando em amor, surgiram tantas aberrações devido ao incesto que foi preciso o governo fundar uma instituição para doentes anômalos. Entre eles estava o pandorense mais medonho Frederico Nietiano que no lugar da boca tinha os olhos e no lugar dos olhos tinha a boca. Quando todos foram exterminados pelos mortais póstumos, restou a certeza de qualquer lindo sonho tornar-se pesadelo.
sexta-feira, abril 23
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1 Response to Do Sonho ao Pesadelo
Nossa...ótimo texto. E como se consegue juntar amor a trechos medonhos ("tinha os olhos no lugar da boca....")
Muito bom mesmo!
=)
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