quinta-feira, abril 29

Minha Primeira Revista da Playboy

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Seria trágico, não fosse cômico. No entanto, ontem quando estava na beira da entrada da universidade observei um homem com uma mesa recheada de revistas; tinha Veja, Men's Health, Nova Escola, Playboy... Procurei saber do que se tratava, quando no compasso que elaborava a pergunta vi o enunciado "Desnudando FERNANDA YOUNG", exatamente assim, em letras garrafais estava o nome dela, a autora de "O Pau", "Vergonha dos Pés", os quais nenhum cheguei a ler. Reside em mim uma vontade de descobrir essa mulher cheia de tatuagens e que parece ser a mulher selvagem que pode ser domesticada, eu com minhas preferências paradoxais.

Pois é, até então com meus vinte anos nunca tinha comprado uma revista de mulher pelada. Nunca mesmo. Dá dinheiro para isso? Nunca. Já tinha visto algumas do meu primo Breno, e lógico que já assisti a filmes pornográficos. Mas, nunca tinha comprado uma revista, e acho que nunca gastei um dinheiro suficiente para locar um filme.

E hoje tenho nas minhas mãos a Fernanda Young; certo, parece ser uma experiência super estranha conhecer uma autora por fotografias do gênero, mas eu estava de uma forma que se eu encontra-se um livro dela bem perto de mim teria um ataque compulsivo de compra. Tenho umas três compras não-realizáveis no site Submarino; em cada uma delas uma sede pelo "O Pau" de Fernanda Young (barbaridade!). Bem, esclarecendo: A revista é do mês de novembro de 2009. Comprei por exatamente R$1,00, não que a revista tenha tal valor, na verdade a revista seria um brinde se eu fizesse a assinatura de alguma outra da editora Abril. O rapaz percebeu meu interesse ela revista e disse que faria por qualquer preço, bastava eu dá um valor simbólico. Bem, na revista a Fernanda não está tão provocante... Prefiro-a vestida de extravagância e poesia, com o olhar de prosa, as mãos leves e duras, pena, muita pena que nada disso eu tenha propriedade para falar.


Texto que antecede o ensaio fotográfico, assinado por Fernanda Young:

Estala coração de vidro pintado

" Enquanto ela se arruma, o mundo para. O mundo dela, onde só existe o homem que aguarda. Nessa casa sem vínculos, vazio perfeito para encontros clandestinos. Ela tenta fazer, daquele quase nada, algo acolhedor. Quer oferecer, alimentar, provar o aconchego que crê que ele mereça. Porque ele é seu homem. Só seu, durante o tempo em que estiver naquela casa. Lar sem lembranças nem porta-retratos. Ilusão que ela finge não notar, e durará apenas o tempo livre daquele que espera. Já que ele não é dela e ela não é dele- embora se prepara como se fosse. Quer que o vazio esteja lindo, sem saber que lindo seria vê-la assim, acreditando num amor-para-sempre, que termina antes do anoitecer. Não é ingênua e nem cínica, é uma mulher; e gosta desse jogo, mesmo sabendo que, nele, nunca há vencedoras. Perdedora ou perdida, sente-se excitada. Quase aborrecida, por ele estar atrasado. Lembra, porém, de mais alguns detalhes que faltam no paraíso que quer ofertar. Circula pela casa, toma um vinho, escreve um poema. Vai tentar convencê-lo de quanto ela é perfeita. Ela escreve versos. Ela é livre, mas sabe cozinhar. Escuta um barulho, a seu corpo treme inteiro - ainda não é ele. Tenta ficar calma, mas seu coração, agora, não bate, estala, como um delicado cristal que, num brinde, trinca. Serve-se mais uma taça de vinho. Sente uma certa vontade de chorar. Tenta se distrair. Pode brincar um pouco enquanto ele não chega? Decide que sim, imaginando tudo que gostaria de fazer com ele. Algumas coisas que nunca fez, inclusive. Mas ele demora demais, e ela prefere não mexer onde não deve. O primeiro prazer daquela tarde deverá ser com ele, por ele. Mesmo reconhecendo que, no quarto escuro de sua mente, faça o que quiser, com quem quiser. Ele não precisa saber disso. Nenhum homem precisa saber que é na imaginação que a mulher esconde o tal ponto G. Ri. Vê a hora, começa ficar realmente irritada. Mais uma taça de vinho e o seu coração de vidro estalará mais forte, talvez forte demais. Tornando-a mais intensa em sua poesia e menos preocupada com refeição que esfria. Que casa é essa, afinal? Decide macular o branco daquele local asséptico. O mundo, afinal, não é apenas o local que seu homem habita - homem que nem é tão seu. E tudo fica melhor quando está tudo bagunçado. Então, desarruma tudo."

1 Response to Minha Primeira Revista da Playboy

Tami
1 de maio de 2010 às 23:22

Adoreii o texto.
E a sua curiosidade também.
rs

Beijãoo meu amiguinho lindo!!!