Chovia muito em São Paulo, o céu estampava cicatrizes a todo instante. E nas cicatrizes efêmeras de um relâmpago via o rosto de seres de outro mundo, o céu parecia desenhar somente para mim. E da janela do meu quarto dava para vê o rio da sujeira ameaçar explodir.
Tremendo foi a intensidade da água invadir o meu quarto e eu subir encima da cama, debaixo da cama diversos objetos. Entretanto, nenhum me chamou atenção quanto o braço que flutuava na água e escondeu-se embaixo da cama. Foi um susto fácil, mas em seguida veio um pé, um tronco, uma cabeça, a maioria das partes de um corpo normal formava-se por ali; meus gritos contrariados eram abafados pela porta trancada, e eu sentia um relevo sobre os meus pés, alguém se levantava aos poucos de baixo para cima, sem a educação de retirar-se por um dos lados.
Acordei e já estava do lado de fora da minha casa inundada e minha família toda morta; de longe aquele corpo mergulhava em busca de outros corpos. Os olhos de quem me salvou eram os olhos da minha primeira boneca que havia descartado.
sexta-feira, abril 23
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2 Response to O Monstro Herói
Ficaria horas e horas lendo estes textos..! Todos são seus?!?!
Parabens!
=)
Sim. Sim.
Obrigado! Obrigado!
Volte sempre. Pessoas assim me motivam ao melhor de mim...
:)
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