domingo, fevereiro 28

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Estou com medo de você chegar me chamando de palhaço, louco, antiquado. Medo de olhar sua pessoa. Sua voz já está por aquí confusa em outras vozes. Eu recuso em identificar a origem.
Qual o motivo de nos sentir mais fracos ao instante dos nossos corações estarem menos desprezados?

sexta-feira, fevereiro 26

Inveja/Cobiça e Vontade/Desejo

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Há pouco olhei umas fotos de uma montagem teatral, eu não estava lá, poderia está! E bate aquela angústia, que tolo sou. Bobinho.

Um dia pesquisarei o motivo pelo qual as pessoas distantes, os objetos distantes têm quase sempre mais sedução sobre nós, humanos; o motivo pelo qual a causa do encanto da coisa ser sempre mais interessante quando não se pode tocar na coisa por causas adversas.

O Teatro é isso para mim, de longe eu quero muito;
De perto, o quero pouco;
uma esperança nos corações estranhos.

Ovos Quebrados

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Um livro: Tudo ou Nada (Roberto Shinyashiki)

Em dado momento, quando o autor tece considerações sobre riscos, o autor considera:
"Para fazer seus omeletes, primeiro você deve quebrar os ovos".

Uma experiência real do autor que vos escreve:

Ontei pela noite fui dá um tapa na perna do meu irmão e acertei nos meus testículos; bati na intersecção entre os níveis forte e fraco (com força e sem força). Uma dor que parece que tange a alma; a voz parece que lhe faltaa; a cor parece que desaparece, e quando fiquei em pé pensei que iria desmoronar.

Bem, aquí eu não tentei ser imoral. Quase sempre eu opto pela amoralidade quando discuto os lados sexuais (desde órgão a outras coisas, sigo o caminho do erotismo em algns textos).

Analogia:

Os ovos que você tem com um tempo parece ser inerente a você, por isso que muitas pessoas, ao sentir a demissão e por elas mesmas terem aplicado tanto esforço no trabalho, parecem perder o sentido da vida quando perdem um emprego que roubava cerca de 40% de seu tempo. É justamente nessa encruzilhada que dilatam um problema e pensam até em suícidio; esquecem que são muito mais que empregados e, não obstante, proletariados.

Quando batemos nos nossos ovos, quando isso acontece há uma anunciação de nada, nossa visão anuvia-se. Em certo momento, devemos respirar vagarosamente, ficar em pé na mais pura audácia e massageá-los. Um hora a gente sente a dor aliviar (seja de perder o rumo, namorado, carteira de identidade, CPF, Celular) e achamos ovos mais dignos de extrema dedicação.

Os ovos melhores cuidados resultaram em omeletes de melhor qualidade!

Pense nisso!

quinta-feira, fevereiro 25

Vermelho, Amarelo, Verde

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De repente estava no beco da indecisão, avistava a passagem da paixão do outro lado da avenida. Sabia que não voltaria para a rodovia do sofrimento, estava a caminhar pelo caminho que minha mãe disse que tomasse muito cuidado.

Faltavam placas, nada era pavimentado.

Estava meio que apaixonado. Meio que perdido por tanto ter caminhado, eu já estava cansado de ser esquecido pelo amor e de sempre ser melado de lama com o amor dos outros nas esquinas, rente ao ponto ônibus, nos escurinhos.

São vários caminhos, é tão complicado amar assim como se não quer nada a andar nas ruas feito um bobo. A esperança de pelos menos o semáforo quem sabe funcionar, alivia-se o corroer intenso infestado no espírito; o engarrafamento sendo liberado; as mãos nervosas, o rubor, o arrepio, o ponto máximo, o encontro, a casa, a família. Uma história.

terça-feira, fevereiro 23

O Dançar Manual

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Já escutei Jacques Brel,
foi que eu encontrei minha mão no teclado,
a outra no mouse.
Elas apaixonadas se atraem na trilha de Jacques Brel.

Uma coça a cabeça, outra bate nas teclas.
Uma fica de um lado das letras;
outra fica se metendo nas letras que não são dela.

Então vejo os meus dedos dançarem,
"Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps"
.

Sofrem a distância imposta,
uma distância tão minúscula
ao ritmo dos meus pensamentos torna-se abissal.

E a dor no peito de vê os graves de Jacques Brel,
faz minha mão coçar o meu peito nú;
e um formigamento fulminante invade o meu peito.
Minhas mãos se encontram, enfim,
Velando os meus suspiros trágicos e nos últimos versos,
últimos versos perfeitos da música;
elas precisaram de um infarto para se fundirem perdidamente.

Sob meu peito cantam o refrão
"Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas"


E eu fui sem saber que eu voltava,
fui com as minhas enamoradas mãos.
Eu voltei e soube que as mãos são namoradas ao todo o sempre.

Quando já morto estiver, já defunto;
elas que debruçarão uma sobre a outra,
cruzadas, calmas e frias.
Deitadas e uniformes como para serem comidas pelos vermes em sincronia.

A voz de Brel é a linguagem do que resta dos soluços das minha mãos,
estava consumado a contrariedade dos dias.
Já escutei a música inúmeras vezes e querendo como sentí-la por completo.
Só que a música não fala de completo, é o sentir incompleto.

Bem diante de mim, sob os teclados, minhas mãos
Junto da distância tão necessária para em ritmo
da força frágil da música francesa,
resultar nisso das mãos alcançáveis e distantes.

Querendo que por sentí-las fora da possibilidade de vagas.
Elas se despedem, elas se envolvem, elas acariciam-se;
elas que batem, elas que calam, elas que matam;
e tão vagas, e tão incompletas.

Um e os outros, não mais; dois

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INVERNO

Nos conhecemos por meio de outros de imediato, urgente precisei dos teus braços e o calor do teu corpo já reconhecia.

VERÃO

Os outros corpos mais exibidos tiraram nossas atenções, seguiu-se os primeiros conflitos.

PRIMAVERA

A gente cantava e falava dos outros.

OUTONO

Nós não construimos nosso mundo, viviamos nos mundos de outros.

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[Gritos e soluços]
Não me deixe!
Não me deixe!
Não me deixe!

Senhorinhas (Parte I)

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O sol é tão próximo de Juazeiro da Bahia que se não fosse as delimitações astronômicas poderia muito bem confundirmos a Terra com Mercúrio. E cá estamos nos planetas e é justamente sobre a personificação deles que tratarei de contar, um desventuroso caso entre uma família marcada pelos passados não tão distantes e suas reformulações constantes sobre as graças e desgraças da vida.

Na Rua das Cabras, nome esse devido ao passado faustoso de vendas e trocas das já mencionadas, situa-se uma casa de três comodos e quatro pessoas; com um pouco de raciocinio lógico é fácil deduzir que nunca haverá um dia no qual a individualidade reine por alí. E essa característica marcou por completo as atitudes psicológicas das mulheres, todas mulheres, as quatro. A primeira é a matriarca da família com seus cinquenta e dois anos, cheia de cortes na cara pelo trabalho competido a ela e consequentemente o sustento da casa e das crias: aluguel, alimentação, água, luz, escola, material, tudo o mais que seja básico em moradias. Viviam na esperança de um futuro rico, procurava nos olhares de moços um rescaldo de paixões mal resolvidas e um consolo a inquietação formigante dos seios novos e o peito velho da cinquentona. Não se pode negar que a característica da casa e todo fervor de mulheres não amadas por um homem resultou na intimidade de todas, compartilhavam os mais contrariados desejos. A segunda e todas as mencionadas posteriormente são filhas, como dizia, a segunda é de uma beleza particular e exótica se comparada fisionomicamente mediante aos antepassados da família; por isso foi tão contestada na maternidade ao ser recebida pela primeira e última vez nos braços do pai. Logo explicarei essa expressão tão usada e não obstante definitiva: primeira e última vez. Seguido do nasciemnto da menina de beleza exótica acompanhou-se suspeita de mais variados tipos, desde adultério até adoção por parte da mãe com possibilidade de esterilidade da esposa. A terceira é uma desmiolada, compulsiva e inocente mocinha; dona de uma história comovente contradizendo seus traços pessoais. A quarta é o espelho de sua mãe em miniatura, repete tudo e ensaia na frente do espelho, diz querer até ser separada dos homens e pretende o mesmo destino, é lógico que a mãe bate nas madeiras toda vez que escuta as asneiras da fã-filha; isso não impede dela ter seu ego mais bem condicionado e a deixa feliz por ser um exemplo.

Sem Ser Sentido

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Beijou a mão dele antes mesmo da despedida, foi assim que o viu vivo pela última vez. Exatos cinco passos em direção ao carro sob uma chuva torrencial, um raio veio ao encontro dele e desfigurou todo o corpo do homem. Ela já não entendia nada, a partir de então tornou-se deficiente visual como que ironia do enredo da vida, com isso todos podiam mentir dizendo que estava tudo bem com ele e já estava trabalhando em outro país.

Pediu prova, esperneou, implorou para falar com ele. Até que conseguiram uma gravação e com tamanha maestria enganaram perfeitamente, foi enganada até a sua morte. Mas, quando todos os sentidos consentiam em aprovação dele está vivo, um sempre resistia em tal comprovação dos outros. Era o tal do sexto sentido, algo declarava: Tudo é uma mentira. Ela deixou-se enganar pelos outros quando disseram que ele tinha perdido a voz em incêndio e até a sua pele tinha sido destituída; tocava em outro homem que não era ele. Ela sabia de tudo isso, se tivesse olhos saberia mais um pouco. Se tivesse olhos, certamente seria mais triste. Mas, ela tinha olhos e nossos principais olhos se espalham pelo corpo. Via o mundo melhor dos que a mentiam.

segunda-feira, fevereiro 22

De mim e a natureza de ser homem

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Eu não me sinto homem ao escarrar no chão na frente das pessoas. Não me sinto homem exibindo meus dotes físicos ou ainda assim esbanjando que tenho um pau vibrante na miha calça jeans. Não me sinto homem chamando as mulheres de nega e dizendo que vou comê-las. Sou outro tipo de homem, e se não existir outro tipo de homem na visão das pessoas: ora, não sou homem.
Sou do tipo de homem que se sente homem escutando The Killers, The Doors, U2. Sou do tipo de homem que respeita a mulher quando ela quer ser respeitada. Sou do tipo de homem que não procura uma vagina ambulante, procuro por mulheres e para ser a mulher é preciso muito mais que uma cavidade fria e outra quente. Sou do tipo de homem que é na maioria das vezes patético, frágil. Sou do tipo de homem que está a aprender a mudar quando as mulheres precisam de mais atitude dos parceiros sexuais. Sou um tipo de homem que chora, do tipo que ri, do tipo que pede licença, agradece com muito obrigado, solicita por favor. Por isso tenho um lado inteiramente cafona.
Faço parte da pequena percentagem de homens que tem Blog, lêem poemas de Fernando Pessoa, escrevem texto literários, frequenta a igreja, ler a bíblia. E não gosto de fazer questão que sou tudo isso, mas às vezes é preciso sondar tudo que somos e qual o caminho estamos trilhando.
Talvez essa exposição de mim memos seja necessário algum dia para os meus filhos saberem quem fui, e até mesmo para eu não perder as partes que mais gosto.
Eu sou do tipo de homem que não precisa dizer que é homem para ser respeitado. Eu costumo pensar que sou homem não por ter um pênis; penso que sou homem por me sentir meio que Bentinho em relação a Capitu; por me sentir vulnerável aos olhos de uma mulher.

Quando ainda resta a folha

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A última folha do persegueiro foi ao chão quando a brisa bateu no rosto do casal de namorados. Até então, eles tinham cinco meses de namoro e sabiam que comparados a tantos outros casais estavam fora do padrão se o assunto fosse "fazer amor"; por isso estavam alí, queriam desesperadamente planejar um dia, uma hora; mais que isso, sentiam que o relacionamento já estava nos últimos instantes, "fazer amor" seria um choque elétrico naqueles corações eufóricos.

Naquela manhã de outono ela já estava preparada para o assunto, ele era um cara inseguro, patético no sentido literário mesmo. E naquele atropelamento de palavras e sensações, perceberam que não estavam falando de "fazer amor", falavam mesmo de "sexo", preferiram dissimular toda a conversa; mentiam para si.

E se não fosse a última folha do persegueiro que caiu nas pernas do jovem, cobrindo assim a intersecção de suas pernas, teriam feito sexo. É que a última folha do persegueiro tinha uma cor vermelha antiga, e por mais incrível que pareça foi a folha de uma primavera que eles riscaram ainda verde o nome dos dois ligados pela conjunção "e".

Não fizeram sexo, ela percebeu que não estava amando um corpo, um pau ambulante. Ele já sabia que estava amando um espírito, uma mente, um comportamento; e não, não estava amando oríficios. Decidiram que tudo seria consequência e que ninguém iria ao encontro de ninguém, ele se encontrariam por mais antiquado que fosse o namoro.

Importa que eles se separam por nunca mais lembrarem daquela folha e daquela mensagem da natureza; a pressa destruiu mais um casal que deveras tinham os destinos ligados. Ele continuou patético e rídiculo para todas as outras namoradas. Ela tinha se transformado em mulher de todos e morreu disso, morreu por ser mulher de todos.

De nada adiantou a folha segurar-se a duras penas por tanto tempo e caí no momento exato; a pressa tambem tem tido atrapalhado a maneiras de entendermos a inteireza das coisas.

Acontecimentos

1
Você sabe o motivo de está vivo agora? E sabe o motivo que te leva a está lendo isso nesse exato momento? Lógico que sabe, mas não é díficil você ignorar esses questionamentos. Certamente, você como milhares de pessoas pode ignorar centenas de coisas de uma importância tão grande que só perceberá quando estiver privado de tais "insignificâncias".
Porque é preciso que você saiba que há milhares de pessoas sem um orgão sensorial perfeito para começar a prestar atenção no seu !?
Porque nós usamos, na maioria das vezes, nossas casas como móteis/hóteis!?
E porque a gente perde a vontade de pedir a benção quando as pessoas moram com a gente?
Certo, agora me responda: o que eu falei no começo desse texto? Tá vendo, a gente vai vivendo e excluindo as nossas origens e os primórdios da existência das coisas; NÃO QUERO MANIPULAR PENSAMENTOS.
Sei-lá, acontece que as coisas acontecem e parecem não acontecer: isso é terrível.

quarta-feira, fevereiro 17

Ser e não ser

17
Menino.
Pedra.
Cabeça.
Menina.
Mãe.
Choro.
Velório.
Vingança.
Pai.
Faca.
Menino.
Velório.
Angústia.
Mães.
Depressão.
Corda.
Pescoço.

A banalidade distorcida

3
Quando caminhava uma dor apertou o seu coração,
um abraço esmagador fez em destroços os batimentos cardíacos.
Retorceu-se no chão e gritou pelo nome da mãe.

Tinha seus trinta e três anos.
Morreu de cólera!

sábado, fevereiro 13

Não-disforia

6
Pensa que tudo que você quisesse se realizasse. Mas, pensa sem pensar preso no tempo que está e na condição em que está. Pensa que não haverá vestibular nem qualquer outra coisa que você tenha de se esforçar. Imagina o seu corpo todo demarcado, se você quer muito ser adepto do fisiculturismo, sem precisar de horas de academia, corrida e outros exercícios.

Resumo: pensa em tudo instântaneo! Pensou!?

O mundo todo eufórico, uma felicidade eminente fracassada. Os livros não teriam graça, não existiriam conflitos. O interessabte da vida é o "durante", a "jornada", a "peleja", a "saga"; sem isso a vida seria desprovida de emoções, na verdade até poderia existir emoção. Mas, emoção MESMA é forte, não um sorriso cortado de uma satisfação IMEDIATA. A vida está nisso de querer as coisas e dedicar-se a elas.

Se as famílias de Romeu e Julieta não fossem inimigas, essa seria uma história desinteressante. O interessante está no decorrer dos fatos, nos empecilhos. A vida sem problema é uma vida...

Devemos assumir os nossos problemas e esforçar-se para convertê-los em resoluções. A vida pode ser matemática, olha que não é preciso resolver questões de TRIGONOMETRIA. Deveriamos encarar mais os nossos medos e sentir mais o nosso espírito diante das situações complicadas.

Outrora li RUBEM ALVES dissertando acerca de quem estremece quando escuta o nome de Deus, para isso ele usou frases magníficas relacionadas a crença. Usou o texto bíblico de Tiago em que menciona-se a crença de Deus pelos demônios.

A vida merece realmente ter esse sabor, meu Deus. Essa luta de querer viver e poder sempre exaltar o teu nome. Deus não é um Ditador, ele merece reconhecimento! E toda vez em que levássemos uma topada e duvidássemos da existência de Deus, deveria caí um raio bem pertinho da gente. Assim, saberiamos que a vida pode ser bem mais que uma história de um vencedor. Um vencedor que nunca perdeu nunca deveria ser vencedor.

Enquanto não há saída

0
Às vezes, eu olho assim para outro lado
e me pergunto "que a vida reserva a mim".
Invadir o infinito sempre tão abstrato,
recolho perguntas de outro tempo.

Não vivo no presente nem no futuro
tampouco no passado.
Vivo em plano meu,
tão somente meu que ainda inominável.

Nunca fui o que serei,
nunca seria o que fui;
vivo tão distante desse mundo,
porém, preso!

Sempre pensei ser anjo,
talvez seja.
Anjo sem especialização,
de tudo e para todos.

domingo, fevereiro 7

Mate-os, Mateus!

1
Ao entardecer levou a bagadem da mãe ao aeroporto, tinha acabado de recepcioná-la por mais de duas semanas. Abriu os dentes e fez um sorriso de tristeza, o avião subiu e lá estaria a mãe dele, estaria no céu.

Quando jovem, Mateus temia a desestruturação da família. Não conseguia imaginar a casa dele sem o leite quente da avó, a pertubação do irmão mais velho e o carinho da mãe em contraste das reclamações do pai. Era computador, livros, filmes, tudo de graça e com o carinho necessario ao menino portador do vírus HIV.

Aos dez anos de idade foi molestado pela a amiga da família, a dona Matildes, uma senhora de seus trinte e nove anos. Abusou do menino, ao longo de exatas treze vezes de relação sexual intensa durante quatro anos.Na última relação sexual, quando o menino atingia a puberdade e a família começou a repelir a presença de D. Matildes, ele contraiu a doença ao ritmo que sentia o prazer intenso expelido pelo seu corpo destinado às entranhas daquela velha depravada.

Desde cedo foi tratado sob tais condições: criança, sem expectativa de vida e traumatizado.

Se não fosse tantas adversidades, Mateus seria dono de empresa especializada em software. Ele percebeu da necessidade de sentir a vida sem paliativos, sem trabalhos capitalistas; estava decidido: Mateus iria se enclausurar em lugar próprio para quem sofre de Aids. O problema é que Mateus não sofria, logo depois de três dias seus pais o buscaram no Espaço de Doentes Herméticos.

Já com os seus vinte e cinco anos, Mateus voltou para a casa e ligou para sua esposa cuja existência ninguém imaginava. Discou o número e disse que tudo estava bem. Três batidas na porta, a chave enrrosca-se na fechadura e uma velha magra em estado espectral depara-se com Mateus estirado no chão. Borbulhavam salivas da boca, Matildes chegou próximo dele. Alguns segundos de vida e as últimas palavras, ela disse que te perdoaria, pronunciou em língua estranha o homem já envolvido de morte.

E nas últimas imagens de sua mente vinham lembranças das noites intermináveis junto da senhora que amava. Vinham as dores de outras doenças acumuladas e a motivação da companheira patológica: Mate-me, Mate-os, se mate! Nunca ouviu a voz do suicídio, mas naquele entardecer depois da felicidade em saber da possível reconciliação, ficou convicto de que mataria todos os seus demônios incluindo ele mesmo.

Cada um e seu céu

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Existem noites sem estrelas?
São as nuvens que as escondem,
elas sentem inveja por não brilharem.


A única alegria da nuvem é ser comparada aos seres terrestres,
nada mais.

As estrelas aparecem em romances, poemas, poesias.
As estrelas associam-se a olhares, mulheres, afetos.

Cada poeta tem seu céu,
por enquanto o meu é só de nuvens carregadas.
E quando a tempestade surgir...

Como anda teu céu na maioria das vezes?
De estrelas, nuvens vazias, nuvens carregadas ou nuvens?

sexta-feira, fevereiro 5

Tempos de Ser Criança

7
Um flash do passado é certeiro no seu aniversário, então percebe-se que estamos com dois digitos de idade bem próximos da adolescência e não tão de repente já somos jovens.

O celular assume o lugar das figurinhas, o bolso agora é somente dele. Sua atenção para a televisão não é mais do Castelo Ra-tim-bum, agora são os jornais que roubam a atenção. As conversas com os amigos do colégio, antes desenhos animados, agora a prova de ontem, a prova de semana que vem, a prova de amanhã.

A casa da avó perde a matização necessária da infância. Os primos crescem, você cresce e a graça das besteira desaparecem.

Adeus figurinhas do pokémon, digimon, yu-gi-oh. Adeus gelinho-gelou, amarelinha e comidinha de terra e areia. Adeus gudes, pipas, pião!

Somos demasiados adultos. Agora é a fase dos livros, do sexo, das bebidas, do rock and roll para alguns. Agora é a fase dos rodizios de pizza, dos chopes com os colegas do trabalho e a queimação do chefe. Agora é a fase dos curriculos intermináveis já deixados por centenas de estabelecimentos comerciais.

Quando percebermos que ainda há uma criança perdida dentro de cada um de nós, ainda assim encontrar o urso de pelúcia da infância sobre a nossa cama, acordaremos do surto da responsabilidade comedida. Poderemos voltar a pedir benção da nossa vó, ir a casa dos nossos primos e falar sobre a infância e tentar correr um pouco.

Logo, deixemos para trás um pouco a necessidade de passar em um concurso público; vivamos mais em função do amor e menos em função da economia. A vida mais bem vivida é muito provavelmente a vida equilibrada. Para não haver nenhum desmerecimento, digo que eu que escrevo esse texto não passo nenhuma lição de moral e muito menos faço isso que recomendo, mas eu tento. Tento a todo custo notar que o homem que vai comprar os materiais dos filhos é uma criança que compra livros para outras crianças não tão experientes da vida.

Eu também falho. Falho em ler muito e esquecer do mundo real. Temos de ler o mundo e os livros. A vida é uma complexidade muito mais densa além desse reles texto com intuito meramente emocional. Chuta o balde da racionalidade, depois você recupera!

Dois Intelectuais na Cama

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(Somente a luz do abajur, um quarto espaçoso com uma cama atraente, incensos acesos, pétalas de flores no chão)

Vitória: Quando tu olhares para o lado e eu não estiver, ora já estarei atrás de você!

Amando: Quem deveria te amar de costas não era eu?

Vitória: Tá. Era. Mas, acontece que sou feminista e por isso não aceito que homem algum me pegue pelas costas, entende?

Amando: Eu só não usaria o verbo "pegar".

Vitória: Usaria qual? Ou melhor, qual usaria?

Amando: Amar.

Vitória: Sinceramente você não é do tipo dos homens que uma feminista se agrada. Nós precisamos de homens machistas só para humilhar...

Amando: Quer dizer que não sou o certo homem?

Vitória: Você é o "homem certo" para depois.

Amando: Quer saber minha opinião sobre o feminismo?

Vitória: Seria de um excelente valor!

Amando: Eu acredito que o feminismo é um machismo sem pênis...

(Vitória fica espantada com a opinião do "homem certo")

Amanddo: Vocês querem controlar a situação como se quisessem passar a conta para os homens do passado. Vocês querem se vestir como a gente, tem umas que cortam o cabelo bem curtinho. Não é querendo rebaixar os direitos das mulheres, tem coisas que não encaixam.

(Vitória com os olhos aloprados e a pele fervida sabia que era a deixa para complementar o diálogo, porém não complementou)

Amando: Entendeu?

(A lingerie parecia ser um vestido de gala [entendam gala da maneira de se vestir, um taje de gala] e a sunga do homem aparentava ser uma calça de filósofo erótico. Ignoravam as velas acesas, os aromas dos incensos de jasmim, tudo se voltou para o assunto)

Vitória: Então, pelo o que você me diz posso concluir que sou um puro machista sem pênis !?

Amando: Você é mais inteligente para entender o que falei.

Vitória: Não, Amando. Inteligência alguma seria capaz de aceitar a opinião de um professor doutor de história em combate da opinião da professora doutora de sociologia.

Amando: Por favor, Vitória!

Vitória: Agora não dá mais, não transo com você por mais um bom tempo!

Amando: A gente nunca consegue ter uma vitória amando, sempre perdemos na iniciativa.

Vitória: Se quer saber, a gente nunca dará certo.

Amando: E o que leva você a pensa assim?

Vitória: Ninguém vence, ninguém perde quando se está amando. O amor, isto é, o ato de amar não é um jogo como você quis colocar em discussão nessa sua frase.

Amando: O problema é que você não deixa eu colocar. Não deixa eu colocar nada. Porra! Não deixa eu colocar minha opinião de forma clara, não deixa eu colocar-me atrás de você, não deixa eu coloca meu pênis...

Vitória: O seu problema é usar a palavra "pênis"... Por mais que eu seja feminista ou puta, não aguento ouvir essa palavra a beira da cama e ainda mais de lingerie!

(Apagaram a luz do abajur, Amando dormiu de um lado e Vitória dormiu do outro)

quinta-feira, fevereiro 4

Acontece

11
Juliana esperou Juliano por mais de dez horas e menos de treze. Distante do local onde o aguardava, ele pensou em ligar mediante esforço a vencer o orgulho da mulher.

Juliano havia atravessado a faixa de pedestre antes do tempo no qual o carro de móveis passara a mais de noventa quilômetros por hora. Por ora, no último instante em que a última pétala da rosa a qual levava para a amada se tinha desgarrado, a duras penas de acalentar-se no asfalto, repercutiu nos suspiros finais daquele contrariado rapaz.

O ano de 2010 estava por completo programado:
Janeiro e Fevereiro: roupa do Casamento
Março, Abril e Maio: decoração
Junho e Julho: nome do filho, local de núpcias, bebidas e salgados
Julho: últimos preparativos
Agosto: casamento
Setembro: noites de Núpcias
Outubro, Novembro e Dezembro: amor, muito amor

Morreu aos dezoito anos, acabara de passar em concurso público, decidira se casar e presentear a família com uma casa própria. Não deixou nada dito anteriormente concluído. Era o dia de seu aniversário, tinha acabado de ir ao banco e não exerceu a profissão.

Juliana, depois de nove meses, conheceu um rapaz muito bonito e namorou o rapaz. Seis meses depois casou-se e viveu feliz, nunca mais lembrou-se de Juliano.

O Processo de Seis até Meia-dúzia

4
A verdade mente quando quer ser única, mente porque sabe que há outras verdades. O pior é que mente para si mesma.
Já a mentria não precisa de regalias e precisão, a mentira mente quando quer ser verdade e até mesmo quando quer ser ela mesma. Ninguém deveria querer ser o que já é, é um tempo desgastado tão grande.
O que temos de vida é tempo, assim como o inverso: o que temos de tempo é vida. Então, para que mudar as coisas quando elas não precisam de mudança; trasnformar e destransformar requer muito tempo, melhor mesmo é adaptar.

quarta-feira, fevereiro 3

Dormir com Anjos

0
Vou dormir com os anjos e eles sussuram nos meus ouvidos. Só não entendo o motivo pelo qual minha boca amanhece amarga. Eles colocam palavras em minha boca, só pode, e só saberei dizer-lhe quais são quando eu falar a língua dos anjos.

História Curta

1
Era uma vez uma menina que amava um menino. Não amou mais, pois ele tinha dito pelo Twitter que odiava Machado de Assis.

A menina ficou mal. Sete semanas doente.

O menino perguntou o que tinha demais em dizer que odiava Machado.

A menina olhou com um olhar de cigana obliqua e dissimulada, disparou dizendo que não seria nada não fosse ela Capitu e ele Bentinho.

A mãe da menina disse que ela estava delirando. O menino pegou livro e Machado, levou ao bosque e dilacerou o exemplar de Dom Casmurro. Então, ele viu o corpo dele em sangue e seu corpo foi desconstituído paulatinamente.

A menina já estava apaixonada por outro menino do hospital.

Bentinho já em pedaços ligou para Capitu e ela disse mais nada, estavam todos mortos. Porém, Bentinho estava longe de Capitu; o outro menino do hospital não estava.

As únicas evidências desse triste acontecimento foi os corpos, o livro e o Machado.

Asneiras Fragmentadas ao Vento

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Nem sei se estou acordado, sei que é quase duas horas da madrugada, sei que respiro, sei que vivo. Escuto Nando Reis e um turilhão de pensamentos negros me assombram; uma mistura de cansaço e culpa.

Carrego uma vontade indigna de mim, algo que alarma e acalenta, sentimento paradoxal. Sinto um impulso da parte dele, em seguida vem uma repulsa maior. Será sono?

Talvez, esse seja o texto mais inútil do Blog e merece tal título. Queria gritar bem alto para escutar alguém que eu não conheça me dizer que estava me olhando de longe. Engraçado, a gente precisa de pessoas que não sejam da nossa família. Um complemento. Meu coração ainda vaga, preenchido de uma reserva fantasmagórica.

Acontece que o teclado parece absorver todas as minhas palavras poéticas, só sai isso de nada, essas asneiras. Poderia aproveitar para explicar o título do Blog, o nome do tal.

Bem, Asneiras do Vento se deve... Gente, eu não faço a mínima noção pelo qual coloquei esse nome, tal eufemismo ao espaço virtual. Posso até fingir, arranjar desculpas, mas no tempo coloquei por gostar das Asneiras da Emílida do Monteiro Lobato. Quanto ao "Vento", gosto de sentir o vento forte ou o sussurrar do vento.

Parece uma anunciação, sempre me parece isso. Vai dizer que você, leitor, nunca sentiu algo pelo vento. Pode até não ter sentido, mas e Brisa? Nunca sentiu nada por Brisa? Eu sinto, sinto muito ódio e um fragmento desprezível de amor, amor é exagero. Queria dizer a brisa, nada em sentido humano. Parece que estou começando a acordar depois dessa revelação.

Sigmund Freud dizia em outras palavras que, distantes das que aquí vou interpretar, o sonho nada mais é que a significação dos desejos. Estarei eu sonhando e descobrindo o que me falta? Prefiro continuar assim, virgem. Virgem? Um riso malicioso formou-se na minha face, pois então Virgem. Definitivamente virgem.

Começo a entender que a masturbação não é tão legal, minha mão ultimamente está mais limpa e meu corpo aparenta vigor. Quero aprimorar o meu espirito, uma paixão louca me aguarda. Já vivo assim, assim apaixonado. Embriagado de palavars bíblicas.

E eu queria dizer que nesse momento de tantas confissões, dizer alguma coisa entalada na minha garganta. Mas, não vou dizer. Seria retomar algo já esquecido. Mentira. Lembro muito bem, senão teria não dito nada. Lembrança viva e velha, outra vida.

Enfim, no fim eu espero vencer. Vencer que batalha? Só se vence batalha? Não, certo, leitor? Se vence muitas coisas nessa vida, inclusive se vence perdendo. Essas tais complicações da vida. Sinceramente, eu tenho uma atração terrível pelo lugar de todos. Falar da vida? Mais um escritor desconhecido falando da vida. Onde está a criatividade? Não faço a minima idéia, apesar de sempre tentar ser criativo. O problema é que não tentarei mais ser criativo, pronto, decidido! Farei e se tiver feito não posso refazer nada; não tem como lutar quando já estamos mortos. Seria rídiculo um espírito lutar contro um corpo pulsante e circulante de sangue quente.

Vou indagar mais.

Eu quero dizer que estou com uma programação de um livro em cada mês de 2010. E daí!? Bem, e daí você poderia dizer: Nossa, legal. Mas, acredito no potencial dos leitores do futuro. Será que tereis leitores do futuro? Será que eu serei conhecido mesmo? O que me leva a escrever tudo isso? Confiança? Dúvido muito do futuro, ele é muito cruel com os sonhadores.

Quero dizer mais alguma coisa! Desculpa, já estou sendo prolixo não é? Mas, não estou. Prolixo seria dizer a mesma coisa o tempo inteiro. Reparem, disse inúmeras coisas. Certo, pode ser besteira, mas relevem em nome do sentimento comum do ser humano: finitude. Eu quero dizer que estou apaixonado. Apaixonado por minha vida, uma vontade de viver que eu nunca tive antes. Quero terminar a faculdade, aplicar pesquisas sobre teatro, comprar uma casa para minha família, ter um filho (dois filhos). Nesse exato momento, nesse exato momento eu tive medo: avistei um ser no quintal do apartamento vizinho, estava de branco e fugiu quando percebeu que tinha alguém acordado. Se foi meu anjo, ele voltará mais tarde. Essa mais alguma coisa se prolongou muito é bem verdade. Será assim perante a morte. Ela não tem forma, é morte. Sentimentos não tem forma fixa, cada um dá ao seu sentimento a forma que quiser. Por exemplo, quando teclo a palavra "amizade" vem em mente os meus amigos, na sua mente, em sentido lógico, irá aparecer os seus amigos. Por isso que não lemos as mesmas coisas da mesma forma. Claro, iria esquecendo. Quero ter uma mulher muito bela, saberá literatura, cuidar de filhos, ir em busca dos próprios sonhos e se agarrar aos meus (bem como eu aos dela); compartilharemos copo, corpo, cama, lençol.
Ela beberá o meu líquido vital e eu beberei o líquido vital dela, ainda assim não seremos demasiado profanos. Faremos amor em noites de verão, em algumas noites de inverno, em noites de outono e nas noites de primavera recitaremos versos e nos beijaremos até Morfeu nos conceder a primazia sonífera, faremos amor em sonhos.

Deus, quanto o ser humano sonha? Somos humanos em sua totalidade, para alguns somos somente ambulantes orgãos fálicos. Estou cada vez distante dessa doente sociedade, cada vez mais livre. Liberdade também é questão de entendimento complexo, gastaríamos mais uma madrugada.

Já estava terminando, vou terminar. Só quero, leitor, não terminar como a vida em muitas ocasiões terminam: absurdamente. Não entendo a gravidade de um enredo onde o personagem vive mil e uma noite e morre de um tiro no pescoço, melhor ou pior é enfrentar dezenas de exércitos e morrer com uma lança cravada no calcanhar. Somos deveras frágeis. Esse ar de músculos definidos e mentes bem formadas, todo moralismo é nada, é insignificante. Músculos, Mentes, Relações sociais, tudo recheio de um biscoito díficil de ingerir. Se não fosse tanta invenção de recheio morreríamos de tédio, e qualquer um pode reclamar de tédio, até o mais rico homem pode sofrer de tédio.

Espero não ter sido tão tedioso. Sem propósito algum, considero que minha vida deverá ser belíssima. Para tanto, preciso considerar que minha felicidade não restringe-se ao reconhecimento, uma capa de revista da BRAVO! ou algo semelhante, seria ótimo, no azo. Tenho de aprender logo, já se tem vinte anos de vida terrestre esse rídiculo que vos escreve.

Ora subo a barra de rolamento para saber se escrevi muito, ora sinto uma dor na coluna, ora penso em dormir.

Último parágrafo. Prometo. Agora quero falar de mim para mim mesmo. Querer a vida é quere a morte, não se pode viver sem morrer. E toda as questões que levantar irão aparecer em outra ocasião, fugir é ser covarde e corajoso, depende de que momento estamos vivendo. Estás recuperando o amor. Não se abale com pouco, você é tanto por enorme que seja o mundo. Cada ser humano vê o mundo do tamanho que quer vê, não seja tão grande nem tão pequeno, muito menos fique situado na mediocridade. Apareça quando for para aparecer, apareça sempre, se quer saber. Essa vida é tão curta quanto uma música de três minutos do topo das paradas de sucesso. Se você quer alguma coisa, mentalize e peça. Peça com toda a paixão que você tem, peça aos céus e ele irá trazer o que você pede. Poucas pessoas fazem isso, algumas delas pedem a mesma coisa. Não atente os céus, não peça coisas banais e repletas de futilidades, seja honesto e você mesmo. Olhe sempre para o caminho traçado e repare sempre que tudo está sendo concluído, e se você quiser mais alguma coisa quando na morte estiver, peça. E você terá a vida que sempre quis nem que para isso você, eu não quero completar essa mensagem. Seu anjo manda dizer que já é hora e que não pode passar das três (horas). Teu anjo é forte e te acompanha, menino. Acredita nele, acredita e tenha fé. A fé é tão necessária tanto como o amor, a vida sem valores é objeto sem significância. A vida é muito para não ser significativa. Posso dizer que te amo? Sei que sim, te amo!

terça-feira, fevereiro 2

Isso de Amar

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É mesmo mágico. Chamas fortes, labaredas! Eu reconhecia o erro de ser mulher e de ter enfiado a faca no peito dele, uma faca do encantamento. Estávamos bobos, infantis no jardim da praça, triste praça.

A vida é nada perto da eternidade que nos resta. Assim, lendo Pais e Filhos, eu encontrei na praça um pobre rapaz. Queria ser niilista, queria não acreditar em nada; a vida é uma morte em cada segundo, Bazaróv, a vida é um risco e você estava tão sujeito ao espírito, disse sem rodeios. Olhei-o de soslaio e perguntei o motivo de tamanha decepção. Amor. Amor?. Que mais senão isso que deixa-nos fracos e deprimentes. "Deitado aquí à sombra deste monte de feno... O lugar insignificante que ocupo é tão minúsculo em comparação com o resto do espaço em que não estou e onde ninguém se importa comigo! A parcela de tempo que hei de viver é tão rídicula em face da eternidade, onde nunca estive nem estarei... Neste átomo, neste ponto matemático, o sangue circula, o cérebro trabalha e quer alguma coisa... Que estupidez! Que inutilidade!".

Olhava angustiado procurando em mim um pouco de Arkádi, eu não era Arkádi. Diante disso, pensei, o que faço a não ser encostar aquela cabeça estorvada em meu ombro. Carreguei aquela cabeça por mais de quatro meses de leitura desinteressada, nos últimos dias ele suspirava em desespero. Deixei-o aquí em meus ombros, Ivan Turguêniev um dia há de agradecer-me.

Pobre rapaz, o mundo não tem rédeas. Nada se controla, o controlado é dissimulado e fingido. Ainda mais, quem quer controlar isso que restringem às letras A, M, O, R? Só Deus pode dizer o que nos reserva, Bazaróv. Só Deus.

[Intertextuaidade com a obra PAIS E FILHOS - IVAN TURGUÊNIEV]