terça-feira, fevereiro 23

O Dançar Manual

10
Já escutei Jacques Brel,
foi que eu encontrei minha mão no teclado,
a outra no mouse.
Elas apaixonadas se atraem na trilha de Jacques Brel.

Uma coça a cabeça, outra bate nas teclas.
Uma fica de um lado das letras;
outra fica se metendo nas letras que não são dela.

Então vejo os meus dedos dançarem,
"Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps"
.

Sofrem a distância imposta,
uma distância tão minúscula
ao ritmo dos meus pensamentos torna-se abissal.

E a dor no peito de vê os graves de Jacques Brel,
faz minha mão coçar o meu peito nú;
e um formigamento fulminante invade o meu peito.
Minhas mãos se encontram, enfim,
Velando os meus suspiros trágicos e nos últimos versos,
últimos versos perfeitos da música;
elas precisaram de um infarto para se fundirem perdidamente.

Sob meu peito cantam o refrão
"Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas"


E eu fui sem saber que eu voltava,
fui com as minhas enamoradas mãos.
Eu voltei e soube que as mãos são namoradas ao todo o sempre.

Quando já morto estiver, já defunto;
elas que debruçarão uma sobre a outra,
cruzadas, calmas e frias.
Deitadas e uniformes como para serem comidas pelos vermes em sincronia.

A voz de Brel é a linguagem do que resta dos soluços das minha mãos,
estava consumado a contrariedade dos dias.
Já escutei a música inúmeras vezes e querendo como sentí-la por completo.
Só que a música não fala de completo, é o sentir incompleto.

Bem diante de mim, sob os teclados, minhas mãos
Junto da distância tão necessária para em ritmo
da força frágil da música francesa,
resultar nisso das mãos alcançáveis e distantes.

Querendo que por sentí-las fora da possibilidade de vagas.
Elas se despedem, elas se envolvem, elas acariciam-se;
elas que batem, elas que calam, elas que matam;
e tão vagas, e tão incompletas.

10 Response to O Dançar Manual

23 de fevereiro de 2010 às 11:44

Vocês encontrarão facilemnete a música na Rádio Uol ou o vídeo com legenda no YouTube - para tanto basta pesquisar o nome da Música demasiada citada:

[Ne me quitte paz - Jacques Brel]

(vale lembrar que há diversos interpretes, muitos conseguem sentir toda a profundidade poética, porém, tenho minha preferência pelo compositor, pois ele mais do que ninguém sabe os motivos, o pesar e desconforto da distância da sua amada).

23 de fevereiro de 2010 às 12:03

...elas que batem, elas que calam, elas que matam;
e tão vagas, e tão incompletas.

muito bonito.

23 de fevereiro de 2010 às 12:05

Parabéns pelo blog
É satisfatório saber que há pessoas que admiram o clássico por Brel, e não por outros cantores.

Parabéns pelo blog

Visite
www.blog.maisestudo.com.br

Abs

MaisEstudo

23 de fevereiro de 2010 às 14:33

Hey,

Gostei muito!
Parabéns pelo blog!!

23 de fevereiro de 2010 às 15:20

Muito bom
parabéns

Anônimo
23 de fevereiro de 2010 às 16:27

Bela combinação das palavras, meu caro! Embora eu nao seja fã de Brel...

Muito bom o blog!

¬

Comenta lá no meu!
Abraço

23 de fevereiro de 2010 às 17:33

Gostei muito do blog ,
Esta de parabéeeins

Abraços!

24 de fevereiro de 2010 às 08:06

Amo essa música na voz de Maria Gadú!
Muito bom!!!
Ameii o post amore!!! muito , muito, MUITo bom mesmo!!!( como sempre escrevendo perfeitamente) ai aii Tem futuro esse menino.Posso pedir uma coisa?
Vou pedir assim mesmo.
Quando vc escrever um livro faz dedicatoria pra mim, faz? faz? Por favor!
rs

Beijãoo

24 de fevereiro de 2010 às 08:31

Ops...

Correto é:

Ne me quitte pas - Jacques Brel

Obs:. Tami,
somente sob uma condição, você prometer fazer o mesmo.
Comentários legais são assim, e irei procurar a Gadú cantando essa música.

26 de fevereiro de 2010 às 12:38

lindo, parabéns pelo blog,muito difícil achar algum blog como o seu =D