A última folha do persegueiro foi ao chão quando a brisa bateu no rosto do casal de namorados. Até então, eles tinham cinco meses de namoro e sabiam que comparados a tantos outros casais estavam fora do padrão se o assunto fosse "fazer amor"; por isso estavam alí, queriam desesperadamente planejar um dia, uma hora; mais que isso, sentiam que o relacionamento já estava nos últimos instantes, "fazer amor" seria um choque elétrico naqueles corações eufóricos.
Naquela manhã de outono ela já estava preparada para o assunto, ele era um cara inseguro, patético no sentido literário mesmo. E naquele atropelamento de palavras e sensações, perceberam que não estavam falando de "fazer amor", falavam mesmo de "sexo", preferiram dissimular toda a conversa; mentiam para si.
E se não fosse a última folha do persegueiro que caiu nas pernas do jovem, cobrindo assim a intersecção de suas pernas, teriam feito sexo. É que a última folha do persegueiro tinha uma cor vermelha antiga, e por mais incrível que pareça foi a folha de uma primavera que eles riscaram ainda verde o nome dos dois ligados pela conjunção "e".
Não fizeram sexo, ela percebeu que não estava amando um corpo, um pau ambulante. Ele já sabia que estava amando um espírito, uma mente, um comportamento; e não, não estava amando oríficios. Decidiram que tudo seria consequência e que ninguém iria ao encontro de ninguém, ele se encontrariam por mais antiquado que fosse o namoro.
Importa que eles se separam por nunca mais lembrarem daquela folha e daquela mensagem da natureza; a pressa destruiu mais um casal que deveras tinham os destinos ligados. Ele continuou patético e rídiculo para todas as outras namoradas. Ela tinha se transformado em mulher de todos e morreu disso, morreu por ser mulher de todos.
De nada adiantou a folha segurar-se a duras penas por tanto tempo e caí no momento exato; a pressa tambem tem tido atrapalhado a maneiras de entendermos a inteireza das coisas.
segunda-feira, fevereiro 22
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